Ivã IV (em russo: Иван IV Васильевич Грозный, Ivan Vassiliévitch Grozny, 25 de Agosto de 1530, Moscou – 18 de Março de 1584, Moscou), grão-duque de Moscou desde os três anos de idade, foi o primeiro governante a utilizar o título de czar (césar, ou imperador) de todas as Rússias. Na tradição russa, é conhecido como Ива н Гро зный (Ivan Grozny), geralmente traduzido como Ivã, o Terrível.
No entanto, a sua capacidade para uma boa governação ficou manchada pela excessiva crueldade. A sua polícia secreta, os Oprichniks, torturou e assassinou todos os suspeitos de traição, como o povo de Novgorod, acusado de rebelião.
Ivã teve sete mulheres, uma das quais morreu em circunstâncias suspeitas. Num acesso de raiva Ivan matou acidentalmente o filho mais velho, que era tão cruel como ele, e passou o resto da vida imerso em remorsos, misturados com actos de crueldade e violência. Em meio ao seu governo, os tártaros da Criméia saquearam Moscou em 1571, apesar de tê-los vencido no ano seguinte na Batalha de Molodi. Morreu louco, em 1584.
O comportamento de Ivã IV pode ser explicado pela sua conturbada infância. Filho do grão-duque Vassili III de Moscou, ficou órfão aos oito anos de idade. Praticamente um refém dentro do próprio Kremlin, assistiu às brigas intermináveis entre as diversas facções dos boiardos. Era incentivado a assistir a sessões de tortura e execuções pelos nobres, que mantinham seus feudos independentes e tomavam o comércio como ponto principal de seus interesses, não unificando a Rússia. Assustado durante todo esse período, Ivan passou a ler cada vez mais a Bíblia, especialmente o Velho Testamento, firmando-se como um obcecado cristão ortodoxo.
Embora os boiardos acreditassem que tudo poderiam fazer, para surpresa geral, subitamente o menino Ivã manda que prendam o principal líder boiardo, o Princípe Chuiski, que é executado. Pouco após, anuncia sua coroação como czar. Os próprios nobres e o restante da Europa duvidavam da sua capacidade em fazê-lo, pois o título de arquiduque não lhe garantia o trono. Mas ele insistiu e se auto-coroou. Talvez o receio tenha sido o de que aquele poderia ser um velho sonho, o da unificação.
Tão logo foi coroado czar, anunciou a expropriação de bens de boiardos e da Igreja, clamando a si próprio o poder religioso. Logo criou uma tropa de elite, um exército profissional, os Streltsky, que ganharia cada vez mais poder próprio até sua extinção com a ascensão do czar Pedro, o Grande.
Do seu comportamento irregular, alternando períodos de mania (devoção religiosa associada à violência) com depressão e arrependimento, pode-se inferir um provável transtorno bipolar.
Após a conquista de Kazan, interpretada como vitória religiosa também, pois a cidade era muçulmana, e com a morte da primeira esposa, Anastasia Romanovna, aos 27 anos, recolhe-se a um mosteiro e volta a Moscou apenas atendendo ao chamamento de representantes dos nobres e da população - que, segundo uma interpretação corrente, prefeririam um tirano ao caos. Forma uma guarda pessoal, os Oprichnicky, que se vestiam de preto e cavalgavam animais também pretos, sendo a maioria deles constituída por criminosos que juraram lealdade eterna ao czar e com ele cometeram terríveis ações.