Jacob Ludwig Felix
Mendelssohn-Bartholdy nasceu no dia 3 de fevereiro de 1809, em Hamburgo, Alemanha. Seu pai, Abrahan Mendelssohn, fixara residência nesta cidade, logo após casar-se com Lea Salomon; ali dirigia um banco fundado por seu irmão.

Na educação do compositor, a mãe desempenhou um papel importante. Culta e refinada, esteve sempre atenta à educação dos filhos, e foi ela quem lhes deu as primeiras lições de piano.

Sua importância na vida do artista foi fundamental, passando a certa altura, a tornar-se indispensável. Ela foi, de longe, sua mais importante relação afetiva e intelectual. No terreno da afetividade, foi tal essa ligação, que ela passou a ser uma espécie de dublê feminino do compositor.

O mais importante professor de Mendelssohn foi Karl Friedich Zelter, que passou a orientá-lo em 1819, dando-lhe aulas de composição e transmitindo-lhe seu amor por Bach.
Aos 12 anos, chegou a tocar especialmente para o poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe. Apesar da enorme diferença de idade (Goethe então tinha 72 anos), os dois teriam ficado grandes amigos. Mais tarde, na Universidade de Berlim, seria aluno do filósofo Georg Friedrich Hegel, ao mesmo tempo em que estudava desenho e pintura na Escola de Belas Artes.
Por volta dos quinze anos, já compusera diversas obras, entre fugas, cantatas, sinfonias, quartetos, concertos e óperas. Terminada a fase de formação, os anos seguintes seriam marcados por viagens e por seu trabalho em prol da difusão da obra de Bach.
Felix Mendelssohn mostrou-se um talento precoce. Com apenas 17 anos, compôs uma unânime obra-prima: a abertura para Sonho de uma noite de verão (A Midsummer Night's Dream), baseada na obra de William Shakespeare. Um ano antes, compusera um octeto para cordas. Aos 20 anos, já havia composto uma boa quantidade de cantatas, sinfonias, óperas, quartetos e concertos. Foi idolatrado como gênio por seus contemporâneos germânicos. Sua música, porém, foi banida do país durante o nazismo.


No Natal de 1823, ganhou de sua tia-avó, Sara Levy, a partitura completa da Paixão segundo São Mateus, de Bach. Mendelssohn estudou-a nos mínimos detalhes e, depois de cinco anos, e após convencer músicos e cantores a participarem, apresentou a obra em Berlim, no dia 11 de março de 1829. A Paixão segundo São Mateus era apresentada na íntegra, pela primeira vez após a morte de Bach, ocorrida 79 anos antes. O público recebeu-a com entusiasmo. A partir daí, Bach retornava para o público e as audições de suas obras se multiplicariam com o tempo. Nos anos seguintes, Mendelssohn divulgou outras partituras do compositor, durante suas viagens, à frente de várias orquestras.
O amor de Mendelssohn pela música barroca de Bach levaria o amigo Berlioz a comentar: "O único defeito de Mendelssohn é que ele ama demasiadamente os mortos".


Em 1835 assumiu a regência da orquestra Gewandhaus, de Leipzig. Sob sua direção, esta sociedade musical teve seus melhores momentos e tornou-se um verdadeiro centro musical da época, com a mais importante orquestra de toda a Europa.




Mendelssohn e o nazismo

Em 1813, as tropas napoleônicas tomaram Hamburgo, e como conseqüência, uma onda anti semita grassou pela cidade. Temerosos, os Mendelssohn mudaram-se para Berlim. A esta 
altura os filhos de Lea e Abraham Mendelssohn já eram quatro: Fanny Cäcilie (1805-1847), Felix (1809-1847), Rebecka (1811-1858) e Paul (1813-1874).


Ele resolveu então educar os filhos na religião protestante e decidiu acrescentar-lhes um nome cristão. O nome escolhido foi Bartholdy. Segundo os registros da época, esse era o nome do antigo proprietário da esplêndida casa, em Roma, onde morava um dos irmãos da mãe do compositor, Jakob Salomon. Seguindo a trilha de sucesso da família, Jakob era cônsul da Prússia na cidade dos césares. Numa prova inequívoca da inteligência e visão de longo alcance, esse tio de Mendelssohn deixou registrado o razão da conversão da família: “É justo permanecer ligado a uma religião perseguida, e infeliz, e impor essa religião aos filhos, como um martírio, enquanto se tem certeza de que ela é a única boa e a única capaz de proporcionar a salvação; mas, quando não existe essa certeza, é bárbaro exigir dos filhos sacrifícios dolorosos e inúteis.”

Mais tarde, Abraham foi explicar essa decisão em uma carta a Felix como um meio de demonstrar uma ruptura decisiva com as tradições de Moses, seu pai: "Não pode mais ser um cristão Mendelssohn que pode haver um Confúcio judeu". Embora Felix continuasse a assinar suas cartas como "Mendelssohn Bartholdy" em obediência às injunções de seu pai, ele parecia não ter objeções à utilização do nome "Mendelssohn sozinho.
Os pais de Felix eram ambos instruídos, tinham um gosto profundo pelas artes e atribuíram enorme importância à educação dos filhos. Assim, eles construíram uma família-modelo, obviamente, dentro dos limites inerentes ao sistema patriarcal da época, especialmente numa família de origem judaica. O fato é que era uma família muito unida, que viva num clima de paz e tranqüilidade.
A residência dos Mendelssohn, em Berlim, era freqüentada por renomados intelectuais e artistas alemães da época, que ali se
reuniam. Eram assíduos freqüentadores desses serões o poeta Heine, o filósofo Hegel, o filólogo Humboldt, para citar apenas os mais conhecidos. Geralmente eles eram recebidos pelos Mendelssohn aos domingos, e era nesses encontros que Felix, ainda uma criança, participava das conversas e enriquecia-se com elas. Em relação à educação musical de Mendelssohn, os primeiros conhecimentos técnicos do músico, verteram de duas fontes básicas: Sua mãe, e sua tia-avó materna, Sara Levy. Entretanto, outras fontes auxiliaram na ampliação da formação musical do compositor.

Além das lições de música dadas por sua mãe, Felix recebeu outros ensinamentos. Atento como sempre às oportunidades de melhor educar os filhos, Abraham levou Fanny e Felix, quando, em 1816 viajou a Paris. Na capital francesa os dois receberam aulas de piano de Marie Bigot de Morogues, grande pianista.
A pianista que impressionara Haydn, e que era também respeitada intérprete de Mozart. Bigot, cujo nome de solteira era Kiéne, estudara na juventude com Beethoven, e o autor da Nona Sinfonia, como prova de admiração, tinha lhe oferecido o manuscrito da sonata op. 53, Apassionata. Mesmo sendo conhecida por seu talento pedagógico, Marie Bigot não parece ter deixado traços duradouros na formação musical de Felix Mendelssohn. Talvez pelo curto período a que ele esteve exposto à sua influência.
Nascido judeu, mas devoto cristão. Essa dualidade permearia toda a sua obra, bem como desembocaria na crise de identidade
e na luta de seus descendentes pela sobrevivência. Felix Mendelssohn compôs uma das melodias mais famosas do mundo, que embala a união de casais mundo afora, “Marcha Nupcial”, criada por ele para “Sonho de Uma Noite de Verão”, de William Shakespeare. Graças a uma campanha de Wagner, durante o nazismo, mesmo após a morte do compositor. A “Marcha Nupcial” foi proibida de ser tocada nos casamentos na Alemanha por se tratar da composição de um judeu.
Um programa foi escrito e dirigido por uma de suas descendentes,
Sheila Hayman, que procura analisar o impacto da descoberta das raízes judias de seu tio-tataravô sobre a família. Sheila demonstra como seu pai enfrentou a descoberta de ser judeu e por que os prisioneiros de Auschwitz arriscavam as já ameaçadas vidas para tocar Mendelssohn.

Um programa foi escrito e dirigido por uma de suas descendentes,

Que mesmo tendo por vontade própria, tornado-se cristão, foi considerado um ícone judeu durante o nazismo. Antes de Hitler cometer a barbárie do holocausto judeu, Berlim viveu uma segregação religiosa. Havia salas para judeus , onde somente eram tocadas obras de Mendelssohn. Uma forma de manter por certo tempo “uma normalidade” na Berlim já sitiada pelos nazistas.
Entre as obras mais conhecidas de Mendelssohn encontram-se as várias

Um verão na Escócia inspira a abertura As Hébridas (1833), também denominada A caverna de Fingal. Já foi definida como "sinfonia de turista" a Sinfonia n.º 3 - Escocesa (1842), dedicada à rainha Vitória, obra notável pelo sombrio colorido nórdico.
Depois das Variações sérias (1841), para piano, escreveu Mendelssohn a sua obra-prima madura, o Concerto para violino em mi menor Op. 64 (1845), o mais melodioso e brilhante concerto violinístico. O Trio para piano em ré menor (1839) merece destaque pela energia sombria do primeiro movimento e a verve do scherzo, mas peca pelo sentimentalismo do movimento lento.
Como regente Mendelssohn teve o imenso mérito de ressuscitar J. S. Bach e criou o repertório histórico dos concertos sinfônicos de hoje,

Das sinfonias de Mendelssohn cumpre ainda citar a Sinfonia n.º 5 - Reforma (1829-1830) e, sobretudo a Sinfonia n.º 4 - Italiana (1833). Criou também música para órgão e capela.
A obra de Mendelssohn, banida da Alemanha pelo nazismo, sobreviveu à hostilidade anti-semita dos wagnerianos. Suas composições, vivas e harmoniosas, foram incorporadas ao repertório internacional como representação máxima da elegância musical do século XIX.
Somente das obras para piano muitas caíram no esquecimento. Nem romântico, nem clássico Mendelssohn seria mais apropriadamente
definido como uma espécie de parnasiano avant la lettre. Sua obra combina a ortodoxia clássica e o colorido romântico, fórmula para epígonos desenvolvida pelos seus alunos do conservatório de Leipzig, que semearam o academismo no mundo inteiro.

Em três de fevereiro de 2009 comemoraram-se os 200 anos de nascimento de Jacob Ludwig Felix Mendelssohn-Bartholdy. Sua trajetória é exemplar para o esclarecimento e a integração dos judeus na Alemanha do século 19.
Fontes: http://www.classicos.hpg.ig.com.br/ / Fonte: pt.wikipedia.org / Documentário produzido pela BBC em comemoração ao bicentenário de nascimento de Felix Mendelssohn. Com também incursões minhas.