A vida de Leonardo Da Vinci

Durante a infância, o pai de Leonardo logo percebeu o talento artístico do filho, que chegou a pintar um dragão no escudo de um dos camponeses. Para fazer isso carregou para o quarto todas as estranhas criaturas que encontrou pela fazenda, como lagartos, grilos, serpentes, borboletas, gafanhotos e morcegos. Leonardo foi educado de acordo com os padrões da época, o que incluía aprender a ler e a escrever e aritmética. Somente quando ficou bem mais velho, ele se interessou seriamente pelo latim e pela matemática avançada, aprendendo ambos por conta própria.
Apesar de não haver retratos de Leonardo em sua juventude – seus autorretratos já o mostram em idade avançada – sua beleza tornou-se lendária. Relatos feitos por contemporâneos o mostram como um jovem alto, belo, forte, de longos cabelos loiros e com movimentos de pura graciosidade. Seus biógrafos associam sua perfeição física ao seu poder
de encantamento e destacam também seu amor por cavalos e seu hábito de comprar os pássaros engaiolados para devolver-lhes a liberdade. Este último um sinal de sua fascinação pela liberdade de voar, que rendeu diversos esboços de asas e projetos de máquinas voadoras ao longo de sua vida. Sobre suas pretensões, da Vinci declarou que queria realizar milagres.

Aos 15 anos, Leonardo virou aprendiz do artista Andrea del Verrocchio, um típico artesão renascentista. Lá desenvolveu suas habilidades de pintar e de esculpir. Ele passou algum tempo também no ateliê vizinho, do artista Antonio Pollaiuolo. Aos 20 anos de idade Leonardo foi aceito na associação de pintores de Florença e permaneceu trabalhando na região até 1481. No ano seguinte, ele mudou-se para Milão para fazer alguns trabalhos para o duque Ludovico Sforza. Da Vinci viveu durante 17 anos na cidade. Duas de suas magistrais obras-primas foram pintadas nos primeiros anos em Milão: o quadro “A virgem dos rochedos” e o mural “A última ceia”. Mas a provável verdadeira razão da ida de Leonardo para Milão era erigir uma escultura de cinco metros de altura em bronze em homenagem a Francesco Sforza, fundador da dinastia a qual o duque pertencia. Mas a obra não foi concluída. Em função da iminência da guerra contra as tropas francesas, o bronze necessário foi usado na feitura de canhões. A tomada de Milão pelo exército francês no final de 1499 levou Leonardo a deixar a cidade. Ele passou por Mantua e Veneza e alguns meses depois chegou a Florença, onde foi recebido com honras de filho célebre.





A arte de Leonardo da Vinci
Apenas 17 pinturas feitas por Leonardo da Vinci sobreviveram aos tempos. Ainda assim algumas delas estão inacabadas. E mesmo com tão poucos trabalhos, da Vinci representou o melhor que a Renascença nos proporcionou em termos artísticos.

No novo milênio, o sucesso do livro e do filme “Código da Vinci” tornou ainda mais evidente e popular uma outra obra do artista:
“A última ceia”. Considerada a pintura religiosa mais venerada em cinco séculos, o mural foi feito, segundo da Vinci, para pintar o homem e a intenção de sua alma. O momento em que, segundo o cristianismo, Jesus anuncia que um de seus discípulos iria traí-lo e a reação de cada um foi transformado pela arte de da Vinci em uma das mais impressionantes obras-primas já criadas. Em vez das técnicas tradicionais do afresco, como eram usadas naquele tipo de trabalho, Leonardo optou por uma emulsão de óleo e têmpora. O problema é que a pintura não aderiu bem à alvenaria e ela começou a se desfazer ainda na época do artista. A obra foi restaurada, mas muito pouco da pintura original permaneceu intacta.

A Virgem dos Rochedos
“A virgem dos rochedos” é uma outra obra-prima do artista. Pintada no período inicial de sua atividade artística, ela traz tons crepusculares e um delicado naturalismo para representar o tema da Virgem ajoelhada diante do Menino Jesus e de São João Batista. A obra que está no Museu do Louvre é considerada, por críticos e estudiosos, de uma perfeição plástica absoluta e uma das mais belas obras de arte do mundo. Mesmo com o quadro coberto por camadas de verniz e após sua transferência de seu painel de madeira original para uma tela, o que impede qualquer limpeza que não lhe cause danos, é possível distinguir sua notável luminosidade.

Versão do Louvre
Esta versão foi pintada em torno de 1483-1486, ou mais cedo. A maioria dos estudiodos são unânimes em afirmar que o trabalho foi em sua maior parte executado por Leonardo, e é a primeira das duas versões mundialmente conhecidas. A Obra é um dos primeiros grandes resultados do uso do chiaroscuro, efeito por ele mesmo elaborado que consiste em contrastes entre luz e sombra, muito presente em sua obra. A pintura é poucos centímetros maior que a versão de Londres.

Versão de Londres
Quase idêntica a versão do Louvre, a versão de Londres é provavelmente uma cópia da primeira, executada pelo próprio Leonardo com a assistência de outros pintores, mais provavelmente os imãos Ambrogio e Evangelista de Pedris. Pintada para adornar o altar da capela milanesa de São francisco, o Grande. Ela foi vendida pela igreja, muito provavelmente em 1781, e certamente em 1785 tornou-se posse de Gavin Hamilton, que a levou para a Inglaterra, onde passou por várias coleções e, em 1880 finalmente torna-se parte da coleção da National Gallery, onde encontra-se atualmente. Em Junho de 2005 em uma análise em infra-vermelho, foi descoberto um outro trabalho oculto por baixo do visível. Acredita-se que retrata uma mulher igualmente ajoelhada, segurando uma criança junto ao colo com um braço, e o outro estica (semelhante a como ocorre em São Jerônimo no deserto).

Alguns estudiosos acreditam que a intenção inicial do artísta seria a pintura da adoração dos magos. Muitas outras alterações são visíveis a exposição de raios-x ou de examinação em infra-vermelhos
Na análise de Kenneth Clark, as obras de Leonardo trazem um conflito entre sua estética e seu modo científico de abordar a pintura, além de mostrarem sua apaixonada curiosidade pelos segredos da natureza e a fantástica acuidade do seu olhar sobre eles. Segundo Clark, a estética nas obras de da Vinci é profundamente romântica enquanto que seu modo científico, como o manifestado em “A última ceia”, estabeleceu as bases do academicismo que veio a seguir.
A ciência de Leonardo da Vinci


