O Segundo Messias (Uma resenha)

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Os Templários, o sudário de Turim & o Grande Segredo da Maçonaria

Introdução

Os maçons Christopher Knight e Robert Lomas vêm fazendo uma série de estudos aprofundados acerca das origens da Maçonaria, buscando ainda resgatar seus rituais mais antigos, originais. Em A Chave de Hiram, aqui resenhada há pouco tempo, são apresentadas convincentemente as origens de alguns dos rituais maçônicos – sempre preservando a necessária discrição, naturalmente – e se coloca em questão uma série de dogmas religiosos tradicionalmente aceitos. Em A Máquina de Uriel, cuja resenha apresentarei em breve, nossos Irmãos apresentam uma teoria fascinante segundo a qual Enoch seria contemporâneo de uma civilização superior, extinta por um dilúvio ocasionado pelo choque de um corpo celeste com a Terra, havendo ele tomado o cuidado de preservar pistas para o conhecimento científico e filosófico em duas colunas situadas, uma na Palestina e outra no Egito, etc. Em O Livro de HIram, obra madura, fruto de mais de 20 anos de pesquisa em 3 diferentes continentes, nossos Irmãos apresentam uma peça interessantíssima na qual buscam apresentar uma rigorosa compilação de toda a história antiga da humanidade a partir dos escritos sagrados dos hebreus, dos cristãos e, fundamentalmente, dos Rituais Maçônicos originais que conseguiram após exaustivas buscas e mantêm hoje on line ao pesquisador interessado na “Rede de Hiram”, no endereço www.brad.ac.uk/webofhiram - em inglês, naturalmente. Ali estão todos os rituais maçônicos dos 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, com comentários enriquecedores além de vários outros ritos também modificados por maçons do século XVIII. Neste momento os estou traduzindo ao português.

Sempre é bom lermos este tipo de Obra com o acompanhamento de bons intelectuais maçons, Irmãos dispostos a aprofundar esta temática. Conto com o Grão-Mestre de minha Obediência, Weber Augusto Varrasquim, assim como com meu querido Irmão rio-pardense Marlon Callegari, com quem entreteço riquíssimos diálogos sobre esta temática por e-mail, telefone e em alguns encontros pessoais. No mais recente o Mano Marlon trouxe-me um livro de Lomas e Knight que ele leu e gostou muito, me recomendando: O Segundo Messias. Passo a resenhá-lo.

Inquietações que nos movem em busca de respostas

Sempre inquietos, desejosos de conhecer a fundo o significado das palavras e símbolos que usamos e vemos em Loja e pouquíssimos maçons têm a mais pálida idéia do que se trata, limitando-se a repetir ritualisticamente algo a cujo significado conteudístico dão pouca importância, preservando somente a forma. Traz-lhes profundo desconforto que a UGLE (United Grand Lodge of England – Grande Loja Unida da Inglaterra) se haja desvirtuado tanto a ponto de hoje se reduzir a algo similar aos Rotarys e Lions Clubs, que são excepcionais grupos para reuniões de pessoas que partilham ideais nobres e cujas reuniões são pautadas por grandes jantares – no caso maçônico o “ágape”.

Movidos por um espírito de pesquisa profunda, inconformados com o atual estado de coisas, buscam, neste trabalho, resposta a 6 perguntas básicas:
1. Os antigos rituais maçônicos foram deliberadamente alterados ou suprimidos no todo ou em parte? Por quê?
2. Existe um Grande Segredo da Maçonaria que foi perdido ou foi simplesmente escondido?
3. Quem está por trás da formação dos Cavaleiros Templários?
4. Por que os Templários decidiram escavar as ruínas do Templo de Salomão?
5. Quais eram as crenças que levaram à destruição dos Templários, através da acusação de heresia?
6. Os rituais maçônicos mais antigos podem lançar novas luzes sobre as origens do cristianismo?
Buscando respostas a estas questões os Irmãos Lomas e Knight tiveram de buscar a solução ao enigma do Sudário de Turim. Datação feita pelo método do Carbono XIV (detalhadamente explanada neste livro riquíssimo) leva à conclusão que o linho daquele Sudário não poderia existir antes do século XIV, mais precisamente entre 1260 e 1380 d. C., portanto o outrora conhecido como “Santo Sudário” não pode, em hipótese alguma, ter envolvido o corpo de Jesus. Contudo, as marcas deixadas no tecido efetivamente são do sangue de um ser humano barbaramente torturado, de maneira similar ao Filho do Homem.

Quem seria?

Os Autores buscam algum pesonagem histórico que tenha vivido no século XIV e que tenha passado pela tortura da Santa Inquisição francesa que, consta, tinha por hábito pregar suas vítimas em postes ou mesmo nas gigantescas portas de castelos. Um método de tortura “simples e eficiente”. Analisando, a partir do Sudário, a direção da corrente do sangue saído das feridas, concluíram que o homem torturado havia sido pregado com o braço direito erguido, o esquerdo na horizontal e os pés, juntos, com um único cravo. Concluíram também que a vítima foi chicoteada pela frente e recebeu uma coroa de espinhos pressionada tão fortemente em sua cabeça que lhe deslocou um dos olhos.

Guilherme Imbert, Inquisidor-Mor da França e amigo de Filipe o Belo provavelmente considerou de grande justiça poética submeter o Grão-Mestre dos Templários Jacques DeMolay ao mesmo tipo de tortura sofrida pelo Cristo que, imaginava, os Templários renegavam...
Sim, os Manos Lomas e Knight estão persuadidos e nos persuadem de maneira tremendamente convincente que a figura no Sudário de Turim é a de Jacques DeMolay! É ler o livro para conhecer os detalhes que os levam a esta conclusão de maneira definitiva e, repito, completamente persuasiva.

Jacques DeMolay foi retirado do suplício, provavelmente pregado numa das grandes portas de madeira do próprio Templo em Paris, retirado em coma e quase morto, envolto no Sudário de linho que era usado para as cerimônias dos Templários do mesmo tipo das usadas hoje em dia em nossas exaltações assim ficando por mais de 24h sendo aos poucos tratado e sarado para somente morrer na fogueira, muitos anos depois.

A “Capela” Rosslyn

Estou 100% convencido de que a aquela edificação escocesa é uma das primeiras Lojas Maçônicas do Mundo, se não a primeira! As evidências são inúmeras mas, somente viajando até lá e verificando in loco se pode ter mesmo certeza. De todo o modo, o fato de haver nas proximidades da “capela” um sem-número de sepulturas de Templários aponta claramente na direção de ser precisamente para ali que foram aqueles que, fugindo da perseguição na França, encontraram no também escomungado líder escocês Robert De Bruce um poderoso aliado. A Escócia, em meados do século XIV, constituía um dos poucos territórios europeus a salvo dos tentáculos da Igreja Romana e sua “Santa” Inquisição.

A “capela”, em si, pelas fotografias apresentadas e mesmo pelos filmes feitos com locação ali – como O Código Da Vinci, por exemplo – apresenta no solo um Pavimento Mosaico, no teto há estrelas esculpidas na pedra – em particular uma bem grande, com cinco pontas, exatamente como no interior das Lojas Maçônicas modernas. Suas dimensões, formato e orientação são precisamente as mesmas do Templo de Salomão. Há até mesmo uma muralha externa em ruínas que não se coaduna com uma possível expansão posterior, como já se aventou. Levando arquitetos e engenheiros tão laureados quanto os Irmãos Lomas e Knight, ambos portadores de títulos acadêmicos de Ph.D. em física, concluíram que aquela muralha externa foi construída para lembra a muralha do Templo de Salomão.

Para os maçons menos abertos a questionamentos, aquela construção – de 1414, não pode ser uma Loja Maçônica pelo simples fato de que a maçonaria só existiria, segundo a UGLE, desde 1717... Isso, mesmo quando nossos rituais falam reiteradamente de práticas “mais antigas que o dilúvio de Noé ou as pirâmides do Egito”...

Eu adoraria viajar para a Escócia e conhecer de perto aquela edificação. Quem sabe meu querido Irmão Roque Consolo consegue algum patrocínio para nos levar até lá a conhecê-la? Fica a “cantada”...
Veja a figura abaixo: dentre as milhares de figuras esculpidas há esta, que representa um Cavaleiro Templário conduzindo um cidadão vendado, com uma corda grossa no pescoço e segurando um Livro Sagrado. Parece familar?

Segredos perdidos e/ou ocultados

As pessoas que acusam a Maçonaria de ocultar um grande segredo do resto da humanidade estão certas – mas os Maçons de hoje são inocentes desta acusação e em sua maioria completamente ignorantes daqueles primeiros segredos. Segundo Lomas e Knight os grandes culpados por esta ocultação e mutilação são pessoas como Duque de Sussex e Albert Pike.

Os Rex Deus por trás dos Cavaleiros Templários

Este ponto realmente merece cuidadosa atenção e leitura. Concordando com Baigent e Leigh, cuja Obra O Cálice Sagrado e a Linhagem Sagrada tive oportunidade de resenhar também há pouco tempo, a Família Real descendente de Davi transferiu-se para a Europa e esteve oculta mas à frente de grandes movimentos históricos. Os Rex Deus, como Lomas e Knight chamam a estes descendentes, estão envolvidos, por exemplo, com as Cruzadas e os Templários são os criadores das Cartas de Tarô.

O baralho de Tarô traz mesmo figuras nitidamente templárias interessantíssimas, como a Carta 5, O Sumo Sacerdote, que representa o Grão-Mestre da Ordem sentado entre duas colunas com as letras “J” e “B” inscritas e, diante dele, dois homens ajoelhados num solo onde se vê o Pavimento Mosaico... A carta 12, O Sacrificado, apresenta um homem com as pernas cruzadas exatamente na mesma posição em que os Templários eram enterrrados em suas sepulturas.
Aquela Família Real – ainda ativa e forte dentro e fora da verdadeira Maçonaria – estimulou a formação dos Templários.

As escavações dos Templários

Um dos motivos da formação dos Templários no período das Cruzadas – senão o motivo principal, segundo Lomas e Knight – era precisamente escavar debaixo do Templo de Salomão e resgatar os pergaminhos ali depositados pouco antes da destruição de Jerusalém pelos Romanos no ano 70 d. C. Esta informação foi preservada pelos Rex Deus e Sir William Sinclair, descendente de Templários e arquiteto da “capela” Rosslyn, teria depositado no subsolo daquela edificação os preciosos pergaminhos. Naturalmente, o período de tempo entre a retirada do material das ruínas do Templo por volta de 1120 d. C. e seu depósito em Rosslyn após 1414 permitiu a muitos experts em hebraico e aramaico decodificar pelo menos alguns dos pergaminhos, segundo se percebe claramente nos antigos rituais maçônicos restaurados por Lomas e Knight na Rede de Hiram.
Além dos pergaminhos, foram encontrados pedaços de uma das Colunas de Enoch.

As crenças dos Templários

A existência dos pergaminhos pode ser comprovada não apenas pelos rituais maçônicos, em especial no Grau do Real Arco, mas ainda pelo chamado Manuscrito de Cobre, encontrado em Qumran em 1947. Aquela peça, gravada em placas de cobre, traz, entre outras coisas, um detalhadíssimo inventário das relíquias e documentos enterrados sob o Templo de Salomão comprovando que havia algo ali e os Templários encontraram!
Lomas e Knight apontam na direção de que o conhecimento daqueles pergaminhos dava aos Templários a clareza quanto ao fato de Jesus ser um homem e não uma semi-divindade. Pronunciar ou escrever isto, mesmo nos dias de hoje é problemático. Na Idade Média era heresia e a pena por heresia era a morte.

Uma nova luz sobre o Cristianismo

Revolucionariamente, Lomas e Knight informam e provam convincente e persuasivamente que a Maçonaria é a mais digna e profunda herdeira dos ensinamentos de Jesus, chamado Cristo e, assim, nos rituais antigos da maçonaria, o que Albert Pike e o Duque de Sussex suprimiram ou mutilaram, traz (felizmente foi possível restaurar os antigos rituais!) o que há de mais profundo e sublime no que se pode chamar de verdadeiro cristianismo.
“Os antigos rituais da Maçonaria não ameaçam o Cristianismo, apenas a ignorância. Não se pode sufocar o conhecimento para falsear a busca da verdade” proclamam os Autores de mais este trabalho.

Há uma infinidade de outros aportes nesta Obra monumental, artigo obrigatório a toda a biblioteca maçônica.

Lázaro Curvêlo Chaves